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o que ela disse

Ariadne Catarine

 

Quando nasceu Ariadne tornou-se palavras: Ari, bebê, ela, menina, sapeca, arteira, sonhadora, brincalhona. Foi crescendo e descobrindo que tudo tinha um significado, seu nome não tinha sido escolhido à toa. Ariadne vinha da mitologia grega. Mito. A princesa que entregava o fio para Teseu entrar no labirinto de Dédalos e vencer o Minotauro, monstro bem tenebroso que devorava homens e mulheres. Algumas versões do mito contam que Ariadne e Teseu foram felizes para sempre. Outras dizem que Teseu abandonou Ariadne e ela ficou chorando numa mata até ser encontrada pelo deus Dionísio. Eles se apaixonaram. Ariadne, ser mortal, morreu logo e Dionísio, imortal, criou uma constelação em sua homenagem para sempre admirá-la. Ela adora essa versão, principalmente, a imagem do seu vô lhe contando que ela era um grupinho de estrelas. 
Do fio tornou-se escrita para sair dos próprios labirintos para entrar em outros labirintos, para enfrentar monstros, viver amores e ir Crer-Sendo. Seu segundo nome é Catarine em homenagem a personagem Catherine do “O morro dos ventos uivantes”, personagem emblemática, com muitas facetas, envolvida em relações explosivas. Palavras, frases, histórias. Cresceu rodeada de literatura. Transformou-se em narrativas: Vida, amor, desejo, conflitos, família, ela e o outro, ela consigo mesma. 
Na adolescência fez teatro, participou de grêmio, movimentou sarau. Formou um grupo de literatura na sua cidade do interior. Sempre gostou de aventura. Também estudou muito e até quis se adaptar. “Ela que tinha nome diferente já quis ser Maria”- , quis não ser zombada pelos seus traços, seu corpo, seu jeito sensível de encarar a vida, sua vontade de ler e escrever, sua classe social. 
Ariadne anda retomando cada vez mais o seu fio, costurando cada parte de si, gostando de cada jeitinho próprio, de cada pedacinho do seu corpo, de cada história que a define, de cada narrativa que ela constrói. O fio do cabelo fez-se espiral: Voltou a assumir seus cachinhos. Retomou seu desejo de criança “ser poema”. Não só escreve cartas de amor, se declara. Ama seu corpo, deixa ser desejada e também deseja. Desapega de quem a coloca pra baixo. Rasga as revistas de moda para corpo-padrão. Está se empoderando! Hoje, tem 25 anos, pesquisa, estuda, escreve e viaja. Gosta de cozinhar, pintar, dançar e cantar. Quer aprender a fazer mandalas, cadernos artesanais e meditar mais. Cada dia se propõe um desafio! Desfia-se, recria-se, escreve-se. 
Sabe o que é mais bonito? Ela descobriu que seu processo de busca não precisava ser solitário, encontrou amigas que como ela também estavam querendo se empoderar; os fios se juntaram e formaram essa teia de narrativas. 
Ariadne assina as colunas da seção: InCorpoArtes.

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